ATA DA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 25-3-2003.

 


Aos vinte e cinco dias do mês de março de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e quatro minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os cem anos de existência da Primeira Divisão de Levantamento – Carta Geral de Porto Alegre, nos termos do Requerimento nº 012/03 (Processo nº 0499/03), de autoria do Vereador Valdir Caetano. Compuseram a MESA: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o General-de-Brigada Carlos Cesar Paiva de Sá, Diretor do Serviço Geográfico do Exército; o Coronel de Cavalaria Francisco Benjamin Cunha Farias, representante do Comando Militar do Sul; o Tenente-Coronel Sérgio Monteiro Soares, Chefe da Primeira Divisão de Levantamento – Carta Geral de Porto Alegre; o Vereador Valdir Caetano, na ocasião, Secretário “ad hoc”. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem o Hino Nacional, executado pela Banda de Música do Comando Militar do Sul, sob a regência do Mestre de Música Subtenente Ivanir e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Valdir Caetano, em nome das Bancadas do PL, PTB, PSDB e PC do B, registrando o centenário da existência da Primeira Divisão de Levantamento, destacou a função desempenhada pelos componentes dessa Divisão e o espírito desbravador dos “carteanos” na execução das tarefas de mapeamento das terras do Estado do Rio Grande do Sul. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondência alusiva à presente solenidade, enviadas pelos Senhores José Fortunati e Roque Jacoby, respectivamente Secretários Estaduais da Educação e da Cultura e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome das Bancadas do PPB e PDT, parabenizou o Vereador Valdir Caetano pela iniciativa desta homenagem e historiou dados atinentes à nascença da Primeira Divisão de Levantamento. Ainda, discursando sobre as funções exercidas por essa Divisão, distinguiu a relevância dos serviços de cartografia das regiões brasileiras que a mesma realiza. O Vereador Haroldo de Souza, em nome da Bancada do PMDB, expressando a emoção de Sua Excelência ao pronunciar-se nesta homenagem à Primeira Divisão de Levantamento, salientou as atividades de mapeamento geográfico desenvolvidas pela mesma. Ainda, refletiu sobre as funções desempenhadas pelo Exército Brasileiro, asseverando não ser a participação em ações armadas sua função primordial. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao General-de-Brigada Carlos César Paiva de Sá, Diretor do Serviço Geográfico do Exército que, em nome da Primeira Divisão de Levantamento – Carta Geral de Porto Alegre, agradeceu a homenagem hoje prestada por este Legislativo aos cem anos de existência dessa Divisão. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução, pela Banda de Música do Comando Militar do Sul e sob a regência do Mestre de Música Subtenente Ivanir, da Canção da Primeira Divisão de Levantamento e do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às quinze horas e cinqüenta e oito minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada seguir. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Antonio Dib e secretariados pelo Vereador Valdir Caetano, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Valdir Caetano, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear os cem anos da 1.ª Divisão de Levantamento - Carta Geral de Porto Alegre. Compõem a Mesa o General-de-Brigada Carlos Cesar Paiva de Sá, Diretor do Serviço Geográfico do Exército; o Coronel-de- Cavalaria Francisco Benjamim Cunha Farias, representante do Comando Militar do Sul.

Convidamos todos os presentes para, em pé, cantarem conosco o Hino Nacional, que será executado pela Banda de Música do Comando Militar do Sul, regida pelo Mestre de Música Subtenente Ivanir.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

A vida nos reserva estranhos momentos. Quem diria que o jovem, que iniciava os seus trabalhos como topógrafo da Prefeitura de Porto Alegre, estaria sentado na presidência da Casa do Povo para homenagear os cem anos da Carta Geral. Carta Geral que eu aprendi a apreciar mais com o Prefeito Célio Marques Fernandes, pois seu pai, Tito Marques Fernandes, também pertencera à Carta Geral. Depois, o tempo me levou à presença do meu amigo Coronel Câmara - que hoje honra a Casa do Povo de Porto Alegre com sua presença -, que tantas vezes me levou naquele quartel mostrando as excelências do serviço que o Exército brasileiro presta ao nosso povo. E hoje nós estamos aqui, com muita honra, homenageando os cem anos na presença de autoridades tão gratas e tão queridas.

Convido a fazer uso da palavra o Ver. Valdir Caetano, proponente desta Sessão, que falará pela sua Bancada, o PL, e também pelas Bancadas do PTB, do PSDB e do PC do B.

 

O SR. VALDIR CAETANO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tenho hoje o privilégio de ser o proponente da homenagem aos cem anos da 1.ª Divisão de Levantamento - Carta Geral de Porto Alegre.

Homenagear uma instituição que completa cem anos, descrever sua trajetória, é participar de sua história.

E hoje, senhores e senhoras, estamos revendo uma história que não foi escrita por vias comuns. Essa história que hoje comemoramos foi traçada no anonimato, pois é uma história de pioneiros dedicados que um dia deixaram o aconchego de suas famílias e se lançaram ao desconhecido para serem os precursores da história da face deste Estado, embrenhando-se pelas matas, lançando-se pelas campinas desertas, para descrever com fundamentos técnicos a fisionomia dos terrenos, iniciando-se assim a fala representativa da cartografia no Estado do Rio Grande do Sul.

Através dos levantamentos realizados dia a dia, nesses cem anos que formaram um centenário de lutas, que se iniciou no distante 27 de março de 1903, quando foram aprovadas as instalações para o início dos trabalhos da comissão da Carta Geral do Brasil, instalada em Porto Alegre, e que deu origem à atual 1.ª Divisão de Levantamento, com sede em nossa Cidade, sendo precursora no Brasil, teve um real e importante papel no marco inicial, que daria origem as outras Divisões de Levantamento, que se instalaram no território brasileiro: Olinda, Manaus e Rio de Janeiro.

Esses trabalhos cartográficos, principalmente os de levantamento de campo, foram desenvolvidos pela comissão da Carta Geral do Brasil, dando origem à expressão “carteano”, a qual foi imensamente utilizada e consagrada. O carteano era o integrante da Carta Geral, a qual tinha a missão importante de mapear o País a partir do Sul, sendo que o marco fundamental estava situado em Porto Alegre. Quando ouvimos relatos dessas incursões, histórias envolvendo as famílias de carteanos, como a do Coronel Padilha, ex-Comandante do Colégio Militar de Porto Alegre, que relatava suas lembranças. Quando menino ainda, acompanhou o seu pai, que serviu na 1.ª DL por trinta e dois anos, num mapeamento da Lagoa Mirim, fato que ele nunca mais esqueceu. São histórias, são relatos, que, somados, interagem cem anos de dedicação de gerações heróicas, que viveram essas experiências, sendo a 1.ª Divisão de Levantamento herdeira desse patrimônio, que respeitamos e honramos na figura de cada cidadão que dela faz parte, constituindo, assim, a sua própria história.

Por isso, a homenagem que esta Casa presta às figuras que serviram, ontem, na Comissão da Carta Geral e continuam, hoje, na 1.ª Divisão de Levantamento, patrimônio do povo gaúcho, que continua integrada com as demais unidades do serviço geográfico, utilizando-se do que há de mais moderno na cartografia atual, buscando, a cada novo dia, continuar a escrever páginas que ficarão gravadas não só em nosso Estado, mas em todo o solo brasileiro.

Obrigado, 1.ª DL, pelo seu trabalho inquestionável, não só ao Exército, como às Forças Armadas e aos órgãos públicos e profissionais civis. Obrigado por esse centenário de gloriosa história. Obrigado ao serviço geográfico do Exército. Obrigado ao Coronel Siqueira pelo seu aconselhamento. Obrigado a cada setor desta Casa, que deu sua valiosa contribuição para a realização desta homenagem. Ao Chefe da 1.ª DL, aos que integram a 1.ª Divisão de Levantamento, que nos estimularam dando todo o apoio, que Deus abençoe esses cem anos e os muitos outros anos que virão. Felicidade a todos e que Deus os abençoe. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registro correspondência do Sr. Secretário do Estado do Rio Grande do Sul, Roque Jacoby, e do Secretário Estadual de Educação, José Fortunati, cumprimentando a Carta Geral e almejando que ela continue servindo o Brasil, como tem feito até agora.

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra. Falará em nome do PPB e do PDT.

 

 O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Cem anos da 1.ª Divisão de Levantamento! Laços de profunda amizade prendem-me à 1.ª Divisão de Levantamento. Jovem, 2.º Tenente de Infantaria, compareci a uma solenidade militar, creio que era aniversário da Divisão de Levantamento. Devo ter sido escalado. Como todos vocês conhecem, o oficial é escalado para certos comparecimentos. Mas, surpreendeu-me a figura do coronel orador, pela clarividência, pela iluminação sobre os momentos, que, naquele momento, eram atuais. De túnica, que sempre portava e envergava, o Coronel Pedro Michelena, figura notável, impressionou-me, cativou-me – eu era um simples 2.º Tenente em missão – pela sua sabedoria, pela tranqüilidade com que emitia suas opiniões, a sua oração, que eu guardo até hoje e não encontrei – vou encontrar porque sei que está nos meus guardados. Encontrei a sua poesia, que ele fez para mim, com dedicatória, porque se tornou meu amigo. A poesia eu encontrei, está aqui (Mostra a poesia.), mas não encontrei o boletim onde está a sua oração, um primor!

Não me lembro bem, creio que vivíamos o ano de 1949, e ali estava, diante de mim, uma cabeça pensante.

Três homens me impressionaram, no universo militar, pela sua cultura, na longa jornada que fiz pelo verde-oliva: Roberto Pedro Michelena – Roberto era o seu primeiro nome -, Golbery do Couto e Silva e Amyr Borges Fortes – por certo os mais velhos os conheceram; os mais moços apenas ouviram falar deles. Tive o privilégio de ser amigo dos três, amigo próximo e até confidente – ouso dizer - dos três. Claro que procurei aconchegar-me a essas criaturas.

A Divisão de Levantamento, que é um belo sítio, verdadeira fazenda, local aprazível, “perto-afastado” de Porto Alegre - ouviu Dib? existem os perto-afastados: está perto, mas está afastado; eu faço “perto-afastado”, com tracinho -, foi um lugar em que levantei no meu coração de jovem militar. Esse recanto era habitado pelo velho coronel, vibrátil e entusiasmado, Pedro Michelena.

A DL - assim eu a conhecia -, para mim, passou a ser Pedro Michelena, além do Coronel Moraes, mais tarde general – não sei se está lá naquele quadro em que, costumeiramente está, nas Unidades; nas grandes Unidades, está o General Moraes, grande e calada figura de militar, enorme indivíduo, que não alinhei no meio dos três, porque ele era modesto demais. O Serviço Geográfico do Exército e a Carta Geral confundem-se num trabalho que parece ter lugar lá por 1946 – não tenho bem certeza -; veio a desembocar no Serviço Geográfico do Exército – corrija-me, porque não tenho todos esses dados a essas alturas dos acontecimentos. Com trinta anos de Plenário, eu me desnorteei. Era no morro da Conceição - não sei se ainda é; várias vezes fui lá -, lá no Rio de Janeiro, perto da Praça Mauá. Subi aquele íngreme morro - hoje em dia não sei se podemos subi-lo, talvez se possa com o Exército presente -, e lá estava o General Moraes, meu grande e querido amigo, a quem devo muito, e seu ajudante-de-ordens, naquele tempo meu amigo também. Ali se situou a 1.ª DL, no edifício em que a 1.ª Companhia de Guarda, unidade que comandei, se acantonou, na Vieira de Castro, no lugar em que a famosa Carta Geral deixou páginas imorredouras de bravura. Isso faz parte da história militar. Não tenho muita certeza, mas sempre me diziam: “Neste Quartel que hoje está sob teu comando, esteve a Carta Geral.” Falavam de façanhas incríveis de resistência por parte dela, que não sei se são verdade, mas passo adiante aos militares presentes. Poucos sabem do trabalho dessa gente, porque eles são muito calados. As Forças Armadas pecam por um grave defeito: não gostam de aparecer. Está errado. Têm que aparecer, têm que dizer o que fazem. Compreendendo o Comando Sul, a 1.ª DL cobre esses três Estados, realizando o levantamento cartográfico do Brasil no mais especializado serviço de cartografia da atualidade. E internam-se pelo Brasil imenso, como Caetano já falou. Eu deixei para o Caetano falar sobre as coisas de Casa, porque eu sou de Casa. Tu falarias sobre as coisas de Casa. Internam-se eles por este Brasil afora em constantes e prolongadas excursões e incursões com a finalidade de trabalho. São cartas e imagens com auxílio de satélites, modelos digitais de terrenos, bases cartográficas para o sistema de informações geográficas, imprescindíveis para o Brasil, desprovido de levantamentos sérios, científicos e confiáveis. Senhores civis que aqui estão conosco - estou muito grato em recebê-los - eu mesmo não sei o que o Exército realiza. Culpo ele! Desta tribuna vocês recebem profundas críticas minhas, porque não divulgam o que fazem, evitam divulgar o que fazem. As Forças Armadas evitam divulgar o que fazem! Estão erradas! Precisam apregoar, como nós apregoamos projetos. Precisam apregoar, porque, senão, o Brasil não sabe! Nessa confusão nacional, não ficamos sabendo o que ocorre. Se não disserem, como vamos saber? Não sabemos o que está acontecendo no Norte, na Amazônia! O que eu sei de SIVAM? Quase nada! É preciso dizer, falar. Eu incluo a Marinha também. Divulgação! Até as companhias servem-se da experiência das Forças Armadas, da sua seriedade, entre elas a COPEL, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre - qualquer dia desses, o Exército aparece no Programa Cidade Viva -, o IBGE, a Fundação Pró-Guaíba, a SAA, e inúmeras outras que não vou citar aqui. Serviços pagos, porque poucas verbas vêm para as Forças Armadas para fazer esse trabalho, e são colocadas exatamente naquela tarefa. O Exército é o grande mudo e as Forças Armadas são as grandes mudas, mas ele avança, espalhando serviço, eficiência, se bem que pobremente respaldado em verbas pelos serviços que ele fornece. E as Forças Armadas permanecem caladas, sem dizer nada, sem reclamar o que não chega, o que deve chegar e não chega. Daqui a pouco eu confesso que queria ir a Brasília para dizer tudo isso, o Ver. João Antonio Dib sabe disso. Mas prossegue, prossegue na noção militar do dever cumprido. Aí está uma grande resposta que o militar sempre afirma: o dever cumprido, mas é o dever cumprido e propalado, falado, declarado, até cobrado. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra e falará em nome do PMDB.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O Caetano é da Casa, o Coronel Pedro Américo Leal é de Casa. E eu, Coronel? Falar do Exército brasileiro me emociona sempre, talvez porque o meu sonho de guri, de menino, tenha sido fazer carreira no 13 RI – 13.º Regimento de Infantaria - na Cidade de Ponta Grossa, lá no meu Paraná; ou talvez porque o destino me reservasse moradia num pedaço de terra que sempre foi tão brilhante em termos de Forças Armadas, escrevendo na história páginas tão bonitas, fortes, vibrantes, corajosas, como a Guerra dos Farrapos, agora documentada pela televisão, numa demonstração da raça forjada pelos gaúchos.

Eu só sei que me emociono em falar e conviver em meio ao Exército Nacional. Esqueço até das outras páginas que foram escritas.

O Exército Nacional, graças a Deus, não vem sendo utilizado para fins de guerra, cumpre extenso papel de serviços prestados ao País, e esta solenidade de hoje é para marcar exatamente o centenário de um trabalho que é desenvolvido pelo Exército Nacional, e do qual parte da sociedade não toma conhecimento. Tem razão o Ver. Pedro Américo Leal quando diz que falta divulgação.

Exército não é só se armar para a guerra, viu, débil mental do Bush?

Mas há relevantes serviços prestados aos homens e as mulheres da pátria verde-amarela.

Debruçada sobre o Guaíba, num pedaço de rara beleza, surgiu em 27 de março de 1903 a 1.ª Divisão de Levantamento, criando a Carta Geral do Brasil, permitindo assim a implantação dos fundamentos da cartografia científica deste País. Destacamos, com aparelhagem ímpar, a primeira grande base geodésica em Santa Vitória do Palmar.

Em 1918, a Comissão da Carta Geral instalou em Torres o marégrafo, que serviu como referência altimétrica para o nivelamento de precisão do Brasil.

Em 1941, a Carta Geral começou a espalhar tentáculos, atuando no Nordeste, com a 3.ª Divisão de Levantamento, em Olinda, a linda e histórica Cidade pernambucana.

Em 1946, a 1.ª Divisão de Levantamento incorporou-se ao Paraná, dando origem na cidade de Ponta Grossa, na Região dos Campos Gerais, à 2.ª Divisão de Levantamento.

A 4.ª Divisão de Levantamento viria a acontecer em 1979, em ação da 1.ª Divisão de Levantamento, na cidade de Manaus.

São tantos os serviços prestados, os detalhes, as vivências, que, enumerados aqui, faltaria tempo no implacável relógio que marca os minutos desses encontros que me emocionam.

Atualmente, a 1.ª Divisão de Levantamento é um órgão cartográfico praticamente completo, onde são realizadas todas as fases de mapeamento, exceto o vôo fotométrico.

O que me inspirou a vir aqui para falar desse pedaço do Exército é a operação explicada pelo Sargento Echstein.

Vocês que estão nos acompanhando de casa, sabiam que temos o mapeamento de trânsito dos blindados? E que os nossos blindados são o urutu, cascavel e outros, em parte ali na fronteira com o Uruguai? Esse trabalho é feito com o vôo fotogramétrico, em escalas apropriadas, para uma escala definida de uma carta topográfica, ou carta de transitabilidade de blindados e também de tropas. Através desta carta, temos uma progressão adequada ao terreno, onde encontramos todas as características do caminho a ser percorrido. Após o vôo, é feito o trabalho de campo, onde se coletam, com o uso de GPS (Sistema de Posicionamento Global), pontos para restituição fotogramétrica, paralelamente coletando-se o campo da toponímia do terreno: tipos de estrada, nomes dos rios, cidades, vilas, morros, vales, etc. Depois de tudo isto é que se inicia a carta propriamente dita, e na tela do computador observa-se a fotografia em três dimensões, e com isto apanhamos, ou eles, do Exército Nacional, apanham os mínimos detalhes.

Já foi destacado aqui, mas eu quero enumerar: esse trabalho do Exército Brasileiro, as cartas topográficas para a COPEL, que é a Companhia Paranaense de Eletricidade, a SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Paraná - o IBGE - vejam só, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, tão importante órgão na vida brasileira -, a Secretaria de Coordenação e Planejamento do Rio Grande do Sul, Fundo Pró-Guaíba, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que amanhã completa duzentos e trinta e um anos, e agora, a previsão de mapeamento da discutida e tão necessária duplicação da BR-101, trecho Osório, quase próximo à Capital de Santa Catarina. É ou não é um grande trabalho, Ver. Pedro Américo Leal? Divulguem.

O Exército Nacional não é só se armar para ter condições de defender o território verde-amarelo. Repito que são inúmeros os serviços prestados à sociedade brasileira que devemos a esse agrupamento de homens e mulheres que formam o Exército Nacional. E a homenagem de hoje, pedida pelo Ver. Valdir Caetano, dá-nos a oportunidade de cumprimentarmos todos os senhores que fazem o Exército Brasileiro. Esta farda tão bonita, esta farda tão honrada e que eu tenho um pouquinho de inveja de não tê-la utilizado uma vez sequer. Eu sei, respeito e sei da enorme importância que ela representa para o meu País, e sei também que não é tratado o Exército Nacional não é tratado como deveria ser pelo Governo Federal, com raríssimas exceções dos governantes que já passaram. Raríssimas exceções! A começar pelo soldo, que imita a injustiça cometida com a classe dos professores em nosso País.

Cumprimentando a 1.ª Divisão de Levantamento, órgão do Exército Brasileiro, o faço com muito carinho e respeito na pessoa do General-de-Brigada Brigadeiro Paiva de Sá, rogando à Nossa Senhora Aparecida, padroeira deste País, que ela ilumine sempre os caminhos do nosso Exército e que ele continue sempre útil à sociedade, sem a necessidade de se pegar nas armas, mas colaborando para o engrandecimento, a segurança e a paz entre o povo brasileiro.

Em nome do PMDB, saúdo a 1.ª Divisão de Levantamento do Exército Brasileiro, festejando o 27 de março de um século atrás, quando surgiu para trabalhar e acompanhar o progresso da nossa Pátria. E como se diz: “dever cumprido”, mas poucos sabem com que dificuldades. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registro a presença do primeiro Vice-Presidente desta Casa, Ver. Elói Guimarães.

Concedo a palavra ao General-de-Brigada Carlos Cesar Paiva de Sá, Diretor do Serviço Geográfico do Exército.

 

O SR. CARLOS CÉSAR PAIVA DE SÁ: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A homenagem que ora é prestada à 1.ª Divisão de Levantamento, oriunda da Carta Geral do Brasil, muito nos sensibiliza. Como Diretor dos Serviços Geográficos, permitam-me um breve relato, um breve histórico a respeito da 1.ª Divisão de Levantamento, que teve origem na Comissão da Carta Geral do Brasil. A nossa Carta Geral do Brasil remonta a estudos iniciados em 1896, no Estado Maior do Exército, que tinha sido recém-criado, em que a preocupação do mapeamento para a segurança do País e para o seu desenvolvimento se fez presente desde o início da sua fundação.

Logo em seguida, já em 1900, o Estado Maior do Estado produzia um trabalho, um projeto denominado “A Carta do Brasil”. E esta nossa divisão, esta nossa comissão da Carta Geral do Brasil foi o elemento encarregado de dar início a sua execução. Neste projeto, o início do mapeamento do País deveria ocorrer no Rio Grande do Sul. Desse modo, em 1903, aqui chegavam, designados pelo Exército, ilustres oficiais, engenheiros, geógrafos, que dominavam a geodésia clássica e a astronomia. Esses trabalhos da Carta Geral, da forma como foi estabelecido o projeto inicial, se estenderam até o início dos anos 50.

Mas, em 1932, esta comissão, que era uma comissão temporária, mas que, pela sua importância, se estendeu no tempo, foi transformada em 1.ª Divisão de Levantamento, com uma reorganização do serviço geográficos do Exército, com a criação da diretoria do Serviço Geográfico, que hoje eu tenho a honra de dirigir, criando uma estrutura como a Divisão de Levantamento do Rio de Janeiro e a 1.ª Divisão de Levantamento, originária da Carta Geral do Brasil, aqui, em Porto Alegre.

A Comissão da Carta Geral do Brasil significou para o Exército, e, vamos dizer, para o País, a primeira grande escola nas geociências para o serviço geográfico, especialmente, a primeira grande escola de trabalhos de campo necessários ao mapeamento do País.

O ilustre Vereador, na sua fala, comentou a respeito dos tentáculos que, em determinados momentos, extrapolando os trabalhos que se desenvolviam no Estado do Rio Grande do Sul, fizeram com que a 1.ª Divisão de Levantamento, por meio dos seus integrantes, estivesse atuando no litoral do Nordeste, durante a II Grande Guerra, originando-se daí a 3.ª Divisão de Levantamento, que hoje compõe estudos geográficos.

Nos trabalhos, na década de 70, o mapeamento da Amazônia, iniciado com a participação da 1.ª Divisão de Levantamento e originando a 4.ª Divisão de Levantamento, de modo que esses tentáculos e o espírito do “carteano” - assim como os gaúchos denominaram os integrantes da Carta Geral - se estenderam por todo o Brasil.

De modo que espero que não os tenha cansado com essa explanação, mas estou colocando aqui a visão do militar e a visão do serviço geográfico a respeito do que é a 1.ª Divisão de Levantamento, originária da Carta Geral, e hoje não só a 1.ª Divisão de Levantamento herda o espírito dos integrantes da Carta Geral, mas também todo o serviço geográfico. Em determinados momentos, como foi mencionado, a Carta Geral pôde colaborar e prestou, na medida do possível, a colaboração no levantamento topográfico do Estado do Rio Grande do Sul; em vários momentos também colaborou com a Prefeitura de Porto Alegre, podendo-se mencionar isso em várias oportunidades, e podendo-se mencionar mais recentemente o convênio PROCEMPA, trabalho já concluído com o Plano Diretor Municipal Digital, em Porto Alegre, trabalho de Cadastro Urbano Digital por imagem de satélite, que está em andamento com a Secretaria de Planejamento da Prefeitura, e o Projeto Pró-Guaíba, que já foi concluído para a recuperação da lagoa do Guaíba. Espera-se, em breve, dar início ao trabalho do Departamento de Eflúvios Pluviais de Porto Alegre, de modo que a 1.ª Divisão de Levantamento se encontra perfeitamente integrada à sociedade, e realmente é uma satisfação para nós contribuirmos com o desenvolvimento do País, do Estado e desta Capital. De modo que, em nome da 1.ª Divisão de Levantamento, em nome do Serviço Geográfico do Exército, muito sensibilizados, agradecemos pelas homenagens prestadas, com a certeza de que a 1.ª Divisão de Levantamento continuará a contribuir com o esforço do povo gaúcho e dos brasileiros no desenvolvimento do nosso País. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Casa do Povo de Porto Alegre, nesta solenidade, viveu momentos de muito orgulho, orgulho do Exército Nacional, do que ele representa para a nacionalidade e de tudo aquilo que ele faz de serviços, como disse o Ver. Pedro Américo Leal, muitas vezes anonimamente. Mas é assim que deve ser feito. A gente deve servir e não se preocupar em ser servido, e o Exército Brasileiro faz isso, meus cumprimentos.

Agradecemos ao General de Brigada Carlos Cesar Paiva de Sá, Diretor do Serviço Geográfico do Exército, pela presença; agradecemos também ao Coronel de Cavalaria Francisco Benjamin Cunha Farias, representando o Comando Militar do Sul; ao Tenente Coronel Sérgio Monteiro Soares, Chefe da 1.ª Divisão de Levantamento, pela presença, e ao Ver. Valdir Caetano pela homenagem proposta.

Convidamos todos os presentes a ouvirmos a Canção da 1.ª Divisão de Levantamento e, a seguir, o Hino Rio-Grandense, executados pela Banda de Música do Comando Militar do Sul.

(Assiste-se à apresentação da Banda de Música do Comando Militar do Sul, que interpreta a Canção da 1.ª Divisão de Levantamento e o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a todos pela presença e convidamos os presentes para visitarem a exposição da 1.ª Divisão de Levantamento, aqui, no nosso saguão. Damos por encerrada a presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 15h58min.)

 

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